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HISTÓRIA DO CINEMA

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O cinema primordialmente surge a partir dos movimentos projetados através das sombras; uma perspectiva observada pelo homem, que, embora não houvesse cores, deixa ao homem a especulação de que elas poderiam significar algo importante no mundo das artes, principalmente o movimento.  Dessa forma, desde há cinco mil anos antes de Cristo, os chineses já projetavam em suas telas improvisadas nas paredes e nos lençóis de linhos brancos as primeiras sombras, encantando os povos de Java e da Índia. Essa técnica milenar dava-se, através do desenho e da pintura, narrando à vida humana e a da natureza. A projeção se dava numa perspectiva de luz capaz de produzir sombras, todavia, os atores, enfiados dentro de uma tenda coberta de lençóis de linhos brancos, desenvolviam as suas pantomimas. Era na verdade um teatro de sombras, que, aos poucos, foi ganhando espaço numa tela de parede e se aperfeiçoando sob as perspectivas do ambiente. Daí teria o jogo de sombras, ou seja, uma invenção artística que projetava figuras recortadas e manipuladas sobre paredes e/ou telas de linho. Esse jogo de sombras oriental evolui depois com as invenções da câmara escura - uma caixa fechada, com um pequeno orifício coberto por lente, através do qual penetram e se cruzam raios refletidos pelos objetos exteriores, a imagem invertida é projetada no fundo da caixa - e a lanterna mágica - sendo inversa da caixa escura, sendo composta por uma caixa cilindríca iluminada a vela, que projeta as imagens desenhadas em uma lâmina de vidro. Essa invenção foi do alemão Athanasius Kircher no século XVII. A invenção da fotografia, que dá desde o século XVII e graças a sua evolução no século XIX pelos franceses Joseph-Nicéphore Niépce e Louis Jacques Daguerre abriu caminho para o espetáculo do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark Roget e do belga Joseph-Anroine Plateau sobre a persistência da imagem na retina após ter sido vista.

O homem, todavia, preocupado em captar a imagem do movimento, contrói vários aparelhos baseados no fenômeno da persistência retiniana (fração de segundo em que a imagem permanece na retina). Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison, desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio. Em 1890 roda uma série de pequenos filmes, sendo esses projetados no interior de uma máquina e não em uma tela. Portanto, as imagens do cinetoscópio só poderiam ser vistas por um espectador de cada vez.  Os irmãos Auguste e Luis Lumiére, visando melhorar o cinestocópio, idealizaram o cinematógrafo, qual passaria a ser um aparelho movido por uma manivela, utilizando negativos perfurados, substituindo a ação de várias máquinas fotográficas para registrar o movimento. O cinematógrafo, portanto, torna possível também a projeção das imagens para o público. A apresentação pública desse aparelho marca oficialmente o início da história do cinema, qual  ocorreu numa apresentação pública no dia 28 de dezembro de 1895, no Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, onde o  público viu, pela primeira vez, filmes como La Sortie des ouuriers de l'usine Lumiêre (A saída dos operários da fábrica Lumiere) e L 'Arrivée d'un train en gare (Chegada de um trem à estação) além de  breves testemunhos da vida cotidiana.

Primórdios do filme mudo, o francês Georges Mélies, considerado o criador do espetáculo cinematográfico, foi o primeiro a encaminhar o novo invento no rumo da fantasia, transformando a fotografia animada, de divertimento, em meio de expressão artística. Mélies utilizou cenários e efeitos especiais em todos seus filmes, até em cinejornais, que reconstituíam eventos importantes com maquetes e truques ópticos. Dos trabalhos que deixou marcaram época Le Cuirassé Maine (1898; O encouraçado Maine), La Caverne maudite (1898; A caverna maldita), Cendrillon (1899; Agata borralheira), Le Petit Chaperon Rouge (190 1; Chapeuzinho Vermelho), Voyage dans Ia Lune (1902; Viagem à Lua), baseado em romance de Júlio Verne e obra-prima; Le Royaume des Jées (1903; O reino das fadas); Quatre cents forces du diable (1906; Quatrocentas forsas do diabo), com cinquenta truques, e Le Tunnel sous Ia Manche (1907; O túnel do canal da Mancha). Os pioneiros ingleses, como James Williamson e George Albert Smith, formaram a chamada escola de Brighton, dedicada ao filme documental e primeira a utilizar rudimentos de montagem. Na França, Charles Parhé criou a primeira grande indústria de filmes; do curta-metragem passou, no grande estúdio construído em Vincennes com seu sócio Ferdinand Zecca, a realizar filmes longos em que substituíram a fantasia pelo realismo. O maior concorrente de Pathé foi Louis Gaumont, quão também criou uma produtora e montou uma fábrica de equipamentos cinernatográficos, E lançou a primeira mulher cineasta, Alice Guy.

Ainda na França foram feitas as primeiras comédias, e nelas se combinavam personagens divertidos com perseguições. O comediante mais popular da época foi Max Linder, criador de um tipo refinado, elegante e melancólico que antecedeu, de certo modo  o Carlitos de Chaplin. Também ali foram produzdos, antes da primeira guerra mundial (1914-1918) e     durante o conflito, os primeiros filmes de aventura em episódios quinzenais que atraíam o público. Os seriados mais famosos foram Fantômas (1913-19 1914) e Judex (1917), ambos de Louis Feuillade. A intenção de conquistar plateias mais cultas levou ao film dárt, teatro filmado com intérpretes da Comédie Françese. O marco inicial dessa tendência foi L'Assassinat  du duc de Guise (1908; O assassinato do duque de Guise) episódio histórico encenado com luxo e grandiloquência, mas demasiado estático.

Hollywood. Em 1896, o cinema substituía o cinetoscópio e filmes curtos de dançarinas, atores de rvaudeville, desfiles e trens encheram as telas americanas. Surgiram as produções pioneiras de Edison e das companhias Biograph e Viragraph. Edison, ambicionando  dominar o mercado, travou com seus concorrentes uma disputa por patemes industriais.

Nova York já concentrava a produção cinematográfica em 1907, época em que Edwin S. Porter se firmara como diretor de estatura internacional. Dirigiu The Great Train Robbery (1903; O grande roubo do trem), considerado modelo dos filmes de ação e, em particular, do western. Seu seguidor foi David Griffith, que começou como ator num filme do próprio Porter, Rescued from an Eagle's Nest (1907; - Salvo de um ninho de águia). Passando à direção, em 1908, com The Adventures oJDollie, Griffith ajudou a Biograph de graves problemas financeiros e até 1911realizou 326 filmes de um e dois rolos.

Descobridor de grandes talentos como as a Mary Pickford e Lillian Gish, Griffith inovou a linguagem cinematográfica com elementos como 0 flash back, os grandes planos e as ações paralelas, consagrados em The Birth of a Nation (1915; O nascimento de uma nação) e Intolerance (1916), epopeias que conquistaram a admiração do público e da crítica. Ao lado de Griffith é preciso destacar Thomas H. Ince, outro grande inovador estético e diretor de filmes de faroesteste que já continham todos os tópicos do gênero estilo épico e dramático.

Quando o negócio prosperou, acirrou-se a luta entre as grandes produtoras e distribuidoras pelo controle do mercado. Esse fato, aliado ao clima rigor da região atlântica, passou a dificultar as filmagenes e levou os industriais do cinema a instalarem seus estúdios em Hollywood, um subúrbio de Los Angeles. Ali  passaram a trabalhar grandes produtores como Willian Fox, Jesse Lasky e Adolph Zukor, fundadores da Famous Players, que, em 1927, converteu-se na Paramount Pictures, e Samuel Goldwyn.

As fábricas de sonho em que se transformaram as corporações do cinema descobriam ou inventavam astros e estrelas que garantiram o sucesso de suas produções, entre os quais nomes como Gloria Swanson, Farnum, Mabel Normand, Theda Bara, Roscoe "Fatty" Arbuckle (Chico Bóia) e Mary Pickford, em 1919, fundou, com Charles Chaplin, Douglas Fairbanks e Griffith, a produtora United Artists.

 

Sombras Chinesas - por Francisco R.Júnior

 

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(Créditos: Nova Enciclopedia Barsa.- São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 1988. Vol.4.)