Em julho de 1897, apenas sete meses depois da histórica exibição dos filmes dos irmãos Lumiere, em Paris, realiza-se no Rio de Janeiro, a primeira sessão de cinema no país. Essa inauguração da nova era cinematográfica se exibiu na rua do Ouvidor, impressionando o público brasileiro presente, que, somente após 15 anos depois é que vai ter os filmes como diversão favorita, embora as produções ainda eram esporádicas. Acreditam-se os pesquisadores ter sido o italiano Afonso Segreto o primeiro a registrar imagens do país com uma câmara, em 1898, e, nos primeiros dez anos, só se produziram alguns filmes de atualidades e ficção de curta-rnetragern. Mas de 1908 a 1911 fizeram-se películas de todos os gêneros: melodramas, épicos, comédias, dramas históricos, adaptações de peças teatrais, obras religiosas e sátiras políticas como “Pega na chaleira”, sobre os bajuladores do senador Pinheiro Machado. Os pioneiros mais notáveis foram Paschoal Segreto, Júlio Ferrez, Alberto Botelho e o português Antônio Leal, autor do policial “Os estranguladores”. Um surto de filmes cantantes - nos quais os atores se ocultavam atrás da tela para cantar trechos de óperas, operetas e revistas teatrais - ocorreu após 1911. O maior êxito do ciclo foi Paz e amor, de Alberro Botelho. Mas o desinteresse súbito de produtores e exibidores, devido ao esvaziamento das salas, causou a primeira crise das muitas que assolariam o cinema brasileiro. Entre 1912 e 1922 a média de produção de filmes de enredo no Rio e São Paulo foi apenas vinte, predominando os patrióticos e os inspirados na literatura com obras de José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Aluísio Azevedo, Olavo Bilac e outros. Coelho Neto, Medeiros e Albuquerque e Cláudio de Sousa escreveram roteiros, e a primeira guerra rnundial instigou o patriotismo em obras como “Pátria e bandeira”, “Pátria brasileira” e “Tiradentes”, e houve até um desenho-animado, “O Kaiser”, criado pelo caricaturista Serh, Merece especial menção no período a figura dinâmica de Luís de Barros, cuja carreira se prolongou até a década de 1970. Sem escolas e apostando no improviso, amadores se profissionalizaram, realizando cerca de 120 produções entre 1920 e 1930, destacando-se no início Antônio Tibiriçá, com “Hei de vencer!” (1924) e “Vício e beleza” (1926), e Alberto T raversa com “O segredo do corcunda” (1924), obras exportadas para Portugal, França, Argemina e Uruguai. Extraordinário foi José Medina, que fez dez filmes entre 1919 e 1943, atingindo o apogeu estético em “Fragmentos da vida” (1929), baseado em um conto de O. Henry Adalberro Kemeny e Rex Lusrig, também paulistas, realizaram São Paulo, sinfonia da metrópole, documentando a vida na capital do estado. Floresceram surtos regionais em Campinas SP, Recife PE, Belo Horizonte MG, Pouso Alegre MG, Cataguases MG, Guaranésia MG e Porto Alegre RS. Os valores revelados nesses surtos foram Almeida Fleming, autor de “O vale dos martírios” (1927), Amilar Alves, diretor do ainda surpreendente João da Mata (1923), Eugênio Centenaro Kerrigan, realizador de Sofrer para gozar (1923), melodramas rurais marcados pelo moralismo, também presente em vários filmes do grande cineasta que foi Humberto Mauro, autor de “Na primavera da vida” (1926), “Tesouro perdido” (1927), “Brasa dormida” (1928) e” Favela dos meus amores” (1935).
Nova crise ocorre com o advento do filme sonoro. Mais de 200 cineteatros foram fechados, caiu a produção e os cartéis estrangeiros dominaram o mercado. A primeira lei protecionista, de 1932, só obrigava a exibição dos cinejornais brasileiros.
Embora o cinema brasileiro tenha passado por várias adversidades, ora de posição política, econômica, cultural e, principalmente ideológica, ressaltamos, pois, que ele produziu muitos filmes e conquistou prêmios internacionais, mesmo que não se firmasse como indústria de se fazer sonhos.
Com a chanchada, nos anos de 1930, começou a se formar um mercado consumidor, a infraestrutura para a produção de filmes se sofisticou com a instalação do primeiro estúdio cinematográfico do país, o da companhia Cinédia, no Rio de Janeiro, qual lançou atores como Oscarito e Grande Otelo.
Em 1941 foi criada a Atlândida, que centralizou a produção das chanchadas cariocas, tendo como atores Anselmo Duarte e Dercy Gonçalves.
A reação paulista aconteceu em 1949, com a inauguração dos estúdios da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, que teve como sua expressão maior o ator Amacio Mazzaropi.
Em 1969, foi criada a Embrafilme, órgão estatal que financiava, co-produzia e distribuia filmes, gerando condições para que a produção nacional se multiplicasse e o país chegasse aos anos de 1980 no auge do cinema comercial, produzindo até cem filmes por ano. Infelizmente, no final da década de 80, o modelo estatal entrou em crise e a Embrafilme foi extinta em 1990. Ainda assim, alguns sinais de vitalidade foram notados a partir de 1993, na forma de produção limitada, mas de boa qualidade.
O Brasil, atualmente, tem leis de incentivo para a produção cinematográfica, e os filmes produzidos são bons, tendo alguns repercutidos internacionalmente, inclusive com indicação ao Oscar, entre os melhores filmes estrangeiros.